VIDA

08/02/2016 21:28

    Sabe, lendo e assistindo filmes baseados na obra de Jane Austen, fiquei encantada. Existem verdades eternas, coisas que nunca mudam. E isso me fez refletir sobre a vida. Sobre a minha vida. Não que ao contemplar arte você precise refletir - quando se trata da falta de fôlego que a arte traz, é só sentar e apreciar. Mas, se a arte imprime em você algum significado, você não pode deixar isso passar em branco. Talvez o sentido da vida seja simplesmente o fato de que ela não faz sentido. De que mal temos controle sobre nós mesmos, quem dirá sobre qualquer outra coisa. De que, às vezes, só precisamos parar, respirar e recarregar as baterias com esperança para viver, atualmente, a felicidade. Sem grandes expectativas, só simplicidade. Apesar de acharmos, nós não temos controle sobre absolutamente nada. E que certas coisas acontecem no tempo "certo". É como mamãe sempre diz, se for pra ser, VAI SER.

    Todos nós vamos morrer. Por saber disso deveríamos amar e demonstrar amor. Mas o problema é que vivemos como se fossemos eternos, perdendo grandes oportunidades e priorizando o irrelevante. Isso não é novidade. É clichê. Mesmo sabendo disso, ainda praticamos a indiferença e escondemos nossos sentimentos. Aí a vida acaba, e só restam arrependimentos. É isso que você quer, uma vida sem graça?

    Ano passado (2015), quando fiquei internada dois dias antes do enem, eu entendi muita coisa. Estava me cobrando demais e isso com certeza iria me matar. Foi um aviso, sabe? Tudo bem, aquele foi o pior mês da minha vida por coisas das quais eu não tive culpa. Mas acontece com todo mundo. Inclusive a chance de parar, e lembrar o quanto tudo é insignificante, irrelevante. Quanto mais você se cobra, mais você se mata.

    Já perdi as contas de quantas vezes fui decepcionada nesta vida. Culpa minha? Talvez. Também já perdi as contas de quantas vezes fui surpreendida! O mais lindo de toda essa desgraça é que, enquanto existem pessoas más, insensíveis e que realmente não se importam com os outros, existe muita gente que está dispostas a surpreender e te mostrar o lado bom da vida quando você já não mais enxerga. Tem muita gente má, mas tem muita gente maravilhosa. E ao se rodear de tanta gente boa, as decepções vão ficando pequenininhas... Não porque as pessoas mudam; mas porque você cresce. Corações partidos são remendados. As partes quebradas juntam-se de novo. O que passou, passou. E o que fica é apenas o cheiro bom das rosas que te acompanham pela estrada, sorrindo.

    Ah, a vida. Doce vida. Amarga vida. Vida. Mesmo complicada ainda vale a pena vivê-la. Porque você sabe, não existem só complicações. E os bons momentos sempre valem a pena. Do muito que errei, sei que um pouco eu acertei. Então existir ainda valeu a pena. O medo de ser julgada me privou da paz que o Rei sempre me ofereceu. Mas eu descobri que as coisas, na verdade, são bem simples. Não são fáceis, mas são simples. Precisamos apenas ir. Sem dúvidas, sem enrolação, apenas ir. Arriscar. Voltar e começar tudo de novo. Até porque, se você ainda está aqui, é porque existe um propósito. Ainda existe um propósito.

 

Caroline Lopes

2016